Situado na porção mais
oeste do continente europeu, Portugal, pequeno país ibérico, foi a primeira
nação a se aventurar pelos mares desconhecidos. A conquista de Ceuta, ocorrida
em 1415, sob o comando do Rei D. João I, foi o marco para o início da
expansão ultramarina lusitana.
O movimento que hoje conhecemos como Grandes Navegações, iniciado pelos portugueses, foi um feito de grande importância. Inclusive, muitos estudiosos
consideram-no mais importante para o início da Idade Moderna do que a própria tomada
de Constantinopla pelos árabes ou o advento da imprensa por Gutenberg. Entretanto, torna-se
curioso o fato dessa empreitada ter sido realizada por um povo de território e
populações pequenos, se comparados a outros países europeus da época. Vejamos,
então, de forma resumida, os principais fatores que justificam o pioneirismo de
Portugal em sua aventura "por mares nunca dantes navegados".
Iniciaremos
citando a localização favorável de Portugal. A grande maioria da população portuguesa vive, e sempre viveu, junto ao oceano. A atração para o mar foi
incentivada pela posição geográfica do país, próximo às ilhas do Atlântico e à
costa da África. O mar teria sido o "destino
natural" para os portugueses. Dessa forma, desde muito cedo deu-se grande incentivo à construção naval. Inovações ocorridas
no continente europeu também tiveram grande influência: a bússola, o astrolábio,
o quadrante, as armas de fogo e a as primeiras cartas náuticas. Entretanto, a
caravela, invenção lusitana, é a que merece maior destaque, tendo sido a
principal embarcação utilizada nas navegações além-mar.
Outro elemento fundamental para entendermos as causas que
levaram Lisboa a sair na frente nas expedições marítimas foi a precoce centralização
política do país. A monarquia portuguesa consolidou-se com a Revolução de Avis
que, ocorrida entre 1383-1835 e apoiada pela burguesia, permitiu o
fortalecimento do poder nas mãos do novo rei, D. João I, na Batalha de Aljubarrota. A centralização
política, portanto, foi fundamental, uma vez que a Coroa era a grande
empreendedora da expansão marítima. Alguns historiadores atribuem à criação da
Escola de Sagres, supostamente fundada pelo infante D. Henrique (1394-1460),
filho de D. João I, papel destacado para o desenvolvimento das técnicas navais.
O desejo de ampliar o comércio também serviu de estímulo
ao projeto marítimo português. A expansão possibilitaria a abertura de novos
mercados no oriente e a criação de novas rotas pelo mar. O comércio das
especiarias, bastante lucrativo, era dominado pelos italianos, o que atraiu
milhares de pessoas em busca de novos mercados fornecedores, particularmente
nas Índias.
Elencamos como último ponto, e muitas vezes subestimado no
estudo das Grandes Navegações o espírito cruzadístico da época, no contexto da Reconquista da Península Ibérica. Esse movimento era visto como uma forma de propagar a fé cristã contra
os infiéis, chamados de mouros, possibilitando a evangelização dos "povos bárbaros".
As navegações encabeçadas pelos lusitanos, portanto,
foram um projeto de toda a nação. Portugal tornou-se o epicentro de milhares de
europeus que, em busca de aventuras, de dinheiro ou de salvação, transformaram
a expansão marítima desse pequeno país ibérico em um dos eventos mais
importantes da História.
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