Anna Nery. Ao fundo, a cidade de Assunção devastada pela Guerra. |
Anna Justina Ferreira Nery nasceu a 13 de dezembro de 1814, na
Vila de Cachoeira, localizada na província da Bahia. Pertenceu a uma família que dispunha
de razoável nível social, de modo que não lhe faltavam os meios necessários para
levar uma vida confortável e segura.
Conforme o costume
da sociedade predominantemente patriarcal do século XIX, Anna seguiu a cartilha
prevista para as mulheres da época: casou-se jovem, em 1838, com um oficial da
Armada, com quem teve três filhos. A morte precoce do marido, todavia,
deixando-a viúva aos 29 anos, obrigou-a a trabalhar para sustentar a prole. Na
expectativa de melhores condições para criar seus filhos, mudou-se para a
capital da província, Salvador, onde viveu de maneira anônima até a deflagração
da guerra contra o Paraguai.
Em 1865, com a
idade de 51 anos, presenciou a partida de dois de seus filhos e de um dos
irmãos para a guerra. Na tentativa de poder acompanhá-los e sensibilizada com a
difícil situação que o país se encontrava, escreveu uma carta para o Presidente
da província da Bahia, Manoel Pinto de Sousa Dantas, solicitando permissão para
servir nos hospitais de campanha do Rio Grande do Sul.
Obtida a autorização, Anna Nery foi contratada como
enfermeira. Partiu para o Sul no dia 13 de agosto de 1865, incorporada ao 10º
Batalhão de Voluntários da Pátria. Participou de diversas frentes importantes,
como Curupaiti, Humaitá e Assunção. Na capital paraguaia, criou e manteve uma enfermaria
custeada com seus próprios vencimentos.
Mesmo tendo perdido o seu filho mais velho, Justiniano, durante a guerra, não arrefeceu sua determinação em continuar prestando caridade aos feridos nas batalhas.
Regressou ao Brasil com o término da guerra, em 1870. Foi uma
esposa, mãe e irmã exemplar. É considerada a primeira enfermeira do Brasil. Pela
sua atuação abnegada durante a luta contra Paraguai, recebeu a denominação
carinhosa de Mãe dos Brasileiros,
recebendo diversas homenagens, em vida e postumamente. Desde o ano de 2009, tem o seu nome escrito no Livro dos Heróis da Pátria, sendo a primeira representante feminina a constar no referido local.
Selo Anna Nery - 1967. |
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