Entre o final de 1864 ao inicio de
1870, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai se envolveram em um conflito armado
que trouxe grandes consequências para a história desses países. Foi a chamada
Guerra do Paraguai, também conhecida de Guerra da Tríplice Aliança, maior e
mais sangrento confronto militar do continente sul-americano. No entanto,
apesar de sua magnitude e dos reflexos trazidos para o nosso país, o tema não é
devidamente estudado nem valorizado.
Na
tentativa de não permitir que os eventos vividos por nossos milhares de
militares durante a saga contra López sejam dissipados devido ao tempo e
esquecidos pela História, nasceu a semente deste trabalho.
Com a invasão dos territórios do
Mato Grosso e do Rio Grande do Sul pelo presidente paraguaio Solano López, o
Império Brasileiro encontrou-se desprovido de recursos humanos e físicos para
encarar uma guerra.
O
efetivo de profissionais do Exército Brasileiro quando do conflito, orbitava em
torno de 18 mil combatentes. Já as tropas paraguaias, possuíam em suas fileiras
aproximadamente 80.000 homens, tendo em vista que López, desde a sua assunção ao
poder, em 1862, vislumbrava ações bélicas na região do Rio da Prata.
Para atender às necessidades
militares, foram criados pelo imperador D. Pedro II, pelo Decreto nº 3371, de
07 de janeiro de 1865, os Corpos de Voluntários da Pátria:
"São
creados extraordinariamente Corpos para o serviço de guerra, compostos de todos
os cidadãos maiores de dezoito e menores de cincoenta annos, que voluntariamente
se quizerem alistar(...).” Foi uma convocação aos brasileiros para a defesa da
Pátria. Para tanto, o Imperador D. Pedro II foi o voluntário número nº 01.
Como forma de estimular o
alistamento, foram oferecidos soldos diários de 500 réis e gratificações no
valor de 300 mil réis quando os soldados dessem baixa. Os militares teriam
outras vantagens também, como acesso a terras agrícolas, direito a promoção por
bravura, pensão por invalidez e por morte para os familiares. Em uma fase
posterior, foi concedida liberdade aos escravos que combatessem.
Membros
dos diversos setores sociais se alistaram. Inicialmente, muitos foram movidos
pelo sentimento de indignação da ocupação do país pelos paraguaios. Negros
escravos, brancos empobrecidos, e desempregados foram a grande maioria desse
efetivo. Porém, houve o caso de pessoas abastadas que também se alistaram, como
foi o caso de Dionísio Cerqueira e os paulistas que compunham o 7º Corpo de
Voluntários. No entanto, com o prolongamento da guerra, os voluntários
tornaram-se escassos e utilizou-se o alistamento, em alguns casos, forçado para
completar as fileiras.
Ao
todo, foram criados 57 corpos. Cada corpo era comandado, preferencialmente, por
um tenente coronel e possuía oito companhias, chefiadas por um capitão. Cada
companhia contava com aproximadamente cem homens. Os regimentos eram
originários de todas as regiões do país, com destaque para as províncias da
Bahia, que cedeu maior contingente de militares, seguidas de Pernambuco, Rio
Grande do Sul e Rio de Janeiro. Estima-se que em toda a luta cerca de 140 mil
militares participaram da guerra.
Distintivo de braço simbolizando os Voluntários da Pátria. |
Os
Voluntários da Pátria foram responsáveis por diversas campanhas ao longo da guerra.
Dentre as principais, citamos: a retomada de Uruguaiana; a Batalha de Tuiuti; a
Batalha de Humaitá, as "Dezembradas" e a Campanha das Cordilheiras.
Foram
heróis anônimos que lutaram pela soberania do país, sacrificando-se pela Pátria
Brasileira, quando de sua luta contra o ditador paraguaio. Após o regresso ao
Brasil, o fato de negros e brancos terem ombreado pela defesa do Brasil
apressaram a abolição da escravatura e sinalizava para o declínio da Monarquia.