terça-feira, 2 de maio de 2017

OS ZUAVOS BAIANOS NA GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA



Zuavo Baiano.

               O nome zuavo foi dado a certos regimentos de infantaria franceses, oriundos da colônia da Argélia, que lutaram na Guerra da Crimeia. Inspirados nestes, o termo passou a designar, no Brasil, as unidades de negros voluntários formadas para a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, nos anos de 1865 e 1866.
              Na Bahia, a participação de negros teve grande importância durante as Guerras de Independência e essa influência serviu de estímulo para que o a formação de copos de Voluntários da Pátria, instituídos pelo decreto de 7 de janeiro de 1865. Já havia a tradição de algumas províncias do Nordeste em formar tropas de negros, particularmente na Bahia e em Pernambuco, que vinha desde o período colonial.
              A ideia de organizar corpos exclusivos de afrodescendentes foi do baiano Quirino Antônio do Espírito Santo. Após a autorização vinda do presidente da província, em 1º de fevereiro de 1865, começou a arregimentá-los como voluntários para formar as companhias. A maior parte destas unidades foi incorporada ao 24º Batalhão de Voluntários da Pátria.
              Além da cor da pele, os zuavos utilizaram uniformes próprios, que, dentre outras peculiaridades, traziam no quepe as iniciais ZB (Zuavos Baianos). O Conde D´Eu, genro do Imperador D. Pedro II, em sua Viagem militar ao Rio Grande do Sul (1981) os considerou como a "mais linda tropa de todo o exército brasileiro", e acrescentou a seguinte referência à 1ª Companhia, e ficou bastante impressionado com as tropas zuavas. A criação dos corpos de negros também ganhou destaque nas manchetes dos jornais e foi utilizada como exemplo para o restante da população.
              Possivelmente, o caso do zuavo mais notável tenha sido o de Cândido Fonseca Galvão, conhecido também como Dom Obá II d´África. Nasceu em 1845 em Lençóis, no interior baiano, e teria sido neto do rei Abiodum, soberano do povo Oyo. Famoso por suas vestes exóticas e possuidor de grande prestígio por parte da população afrodescendente, participou da guerra como alferes, tendo conseguido arregimentar cerca de trinta homens voluntários para compor a 3ª Companhia de Zuavos.

D. Obá em trajes de Oficial.


              No período entre 1865 e 1866, 635 homens formaram onze companhias de zuavos para combater as tropas de López. Paulo de Queiroz Duarte (1981) faz alusão, ainda, sobre a formação e envio de mais uma companhia de zuavos, esta oriunda da província de Pernambuco.

Companhias de Zuavos criadas na Bahia em 1865-66

Número
Comandante
Número de praças
1
Tenente Quirino Antônio do Espírito Santo
71
2
Tenente Marcolino José Dias
85
3
Tenente João Francisco Barbosa de Oliveira
48
4
Tenente André Fernandes Galiza
56
5
Capitão Militão de Jesus Pires
95
6
Tenente Francisco Higino Carneiro
56
7
Tenente Balbino Nunes Pereira
12
9
Alferes Manoel do Nascimento e Almeida
56
10
Alferes Eugenio José Moniz
51
11
Alferes Nicolau da Silveira
29
8
Alferes Nicolau Beraldo Ribeiro de Navarro
76
Total de Praças
635

Fonte: KRRAY, 2005.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário